CE é o terceiro do Nordeste com mais denúncias de tráfico humano

Amanhã, 30, é comemorado o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos , em 2021, o Ceará registrou 31 denúncias sobre tráfico de pessoas, ocupando assim, o terceiro lugar entre os estados do Nordeste. No ranking nacional, o estado ficou na 10ª colocação.

Leila Paiva, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil- Ceará (OAB-CE) acredita que a posição geográfica do estado o coloca em alerta para esse tipo de crime, uma vez que se encontra mais próximo da Europa. “É um crime, historicamente silenciado e subnotificado. Por isso, sabemos da importância de alertar sobre a existência de organizações que sobrevivem desse tipo de atividade, que é uma das maiores violações dos direitos humanos”, afirma.

Ainda nesta semana, na quarta-feira, 27, a representação regional da Interpol na Polícia Federal prendeu no bairro Meireles, em Fortaleza, um foragido internacional procurado na Holanda. O homem é acusado de tráfico de seres humanos para fins de prostituição, além de posse de drogas ilícitas e posse de numerário resultado de crimes de fraude conhecido como “phishing”.

De acordo com Leila Paiva, no Brasil, diversas ações caracterizam o tráfico como aliciar, convidar, transportar e acolher vítimas. “Temos tráfico para fins de exploração sexual, para trabalho análogo a escravidão, para transplante de órgãos e para adoção ilegal”, explica. A presidente da comissão da OAB-CE relata ainda que, com exceção das crianças, geralmente as pessoas são traficadas sabendo o tipo de atividade que será realizada, porém não sabem que serão exploradas, privadas de liberdade e, muitas vezes, impedidas de manter contato com a família.

Paiva afirma que o tema está em evidência no momento por conta da pandemia. “Quanto mais as pessoas estão vulneráveis social e economicamente, mais elas podem ser vítimas de tráfico porque os convites acabam sendo mais atrativos em face da crise econômica”, pontua. Por isso, a recomendação é sempre desconfiar e pesquisar sobre pessoas que já tenham ido trabalhar na empresa e sobre a própria empresa na internet. “É muito importante se informar bastante antes de aceitar quaisquer propostas”, alerta.

A presidente conta ainda que as maiores vítimas nos casos de trabalho análogo a escravidão são homens, mas que recentemente casos envolvendo mulheres traficadas para o trabalho doméstico chamaram atenção no Brasil. Já as vítimas de exploração sexual são, em sua maioria, mulheres. “Muitas vezes, é uma outra mulher que alicia falando que já esteve e que foi bom. É necessário verificar se não faz parte da rede de criminalidade”, aconselha Leila Paiva.

A população pode ajudar a denunciar casos de contrabando de migrantes, tráfico de pessoas e outros crimes semelhantes diretamente às unidades e ramos do Ministério Público. É possível entrar em contato pelo Disque 100 ou pelo Plantão 24 horas da Polícia Federal do Ceará pelo número (85) 3392-4900.

Fonte: O Estado.