Após ter anuência anulada, deputados do PDT prometem acionar Justiça.

 Após ter anuência anulada, deputados do PDT prometem acionar Justiça.

Após terem cartas de anuência anuladas pela Executiva Nacional, parlamentares cearenses do PDT prometem acionar a Justiça para deixar o partido. Pelo menos nove deputados estaduais titulares e cinco suplentes e quatro deputados federais e dois suplentes receberam, na quarta-feira (8), autorização formal do diretório para deixar a agremiação.

Nessa quinta-feira (9), o grupo de parlamentares próximo ao senador Cid Gomes (PDT) reforçou que levará o caso à Justiça se a Executiva Nacional insistir em não reconhecer a autorização concedida pelo diretório estadual para eles deixarem a legenda sem perder o mandato. Segundo eles, a anulação das cartas ainda foi enviada formalmente.

Em paralelo, a Executiva Nacional manteve a destituição do diretório cearense.

Crise, desfiliações e judicialização: o novo tamanho do PDT Ceará se a debandada se confirmar
O novo episódio de crise no PDT ocorre após a acirramento no fogo cruzado entre alas ciristas e cidistas dentro da agremiação, que disputam o comando da legenda no Ceará. Nesta quinta-feira, o PDT Nacional destituiu, formalmente, o senador da presidência da agremiação no Estado, anunciando uma comissão provisória para atuar durante o período de intervenção.

A intervenção, por sua vez, foi aprovada ainda em 27 de outubro, mas não foi efetivada para dar “direito de defesa” a Cid Gomes. Nessa quinta, fim do prazo para apresentação da defesa, a cúpula da legenda em Brasília — que está sob o comando interino do deputado federal André Figueiredo, que anteriormente também acumulava a presidência da legenda no Ceará — rejeitou os argumentos do senador e manteve a intervenção.

Para Cid, o movimento é “deplorável” e configura claramente uma perseguição.

“A decisão é coletiva, é colegiada. Eu vou tomar a decisão que o grupo permanecer tomar. Eu estou já incrédulo em relação a nossa permanência no PDT. Não nos querem, é deplorável. Além de não querer, querem tripudiar”
CID GOMES (PDT)
Senador da República

CONFIANÇA EM AVAL

Líder do PDT na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado Guilherme Landim disse que está confiante na validade da carta de anuência, tendo em vista que a medida está prevista na Constituição e foi aprovada pelo diretório estadual.

Além disso, a última decisão na Justiça Eleitoral foi favorável à desfiliação do presidente da Alece, deputado Evandro Leitão, da legenda — o que fortalece a tese do grupo cidista. No dia 30 de outubro, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) reconheceu, por unanimidade, a validade da carta de anuência concedida ao presidente da Alece.

“Eu acho que qualquer pessoa que quiser (sair), vai fazer da mesma forma: obedecer a esse rito que o presidente Evandro fez. (…) Essa carta para a gente serve como anteparo jurídico. Não é que recebemos (a anuência) ontem e no outro dia já pede a desfiliação”, explicou.

Debandada do PDT: Além de Evandro, mais 13 deputados pedem autorização para deixar partido
Assim como Landim, o líder do Governo Estadual, deputado Romeu Aldigueri (PDT), também reforçou que deve recorrer à Justiça, se for necessário, para ter “opção” de se desfiliar do PDT sem perder o mandato. Para ele, a resolução editada pela Executiva Nacional no dia 27 de outubro “é ilegal, porque sequer foi mencionada no dia da reunião que teria aprovado a resolução”.

A norma passou a prever que qualquer carta de anuência aprovada a nível partidário estadual e municipal será considerada inválida se não obtiver o “crivo” da executiva nacional.

“Não reconheço essa anulação, pois não há embasamento jurídico que permita a nacional anular um ato legal do diretório (estadual). A resolução da nacional é totalmente ilegal, porque não foi sequer mencionada no dia da reunião que teria aprovado a resolução, não foi aprovada pelo diretório, portanto, foi elaborada de maneira obscura”
ROMEU ALDIGUERI (PDT)
Líder do Governo do Estado

Já o deputado Osmar Baquit (PDT) disse que está apenas “esperando receber o documento” da anulação para entrar na Justiça.

“Vou ver isso no máximo até segunda-feira”, acrescentou.

Para o deputado estadual Guilherme Bismarck (PDT), um dos suplentes em exercício, a anulação sequer é válida. Todavia, ele acredita que haverá “idas e vindas de ações na Justiça” pelo posicionamento da Executiva Nacional com ala cidista até o momento.

Além deles, os deputados Jeová Mota, Oriel Filho (titular licenciado), Antônio Granja (suplente em exercício) e Lia Gomes afirmaram que irão aguardar uma deliberação em conjunto com Cid e os outros parlamentares.

Já o deputado Sérgio Aguiar “não definiu ainda” se vai judicializar a anulação da carta de anuência.

BANCADA FEDERAL

Na bancada federal do PDT, apenas os deputados Eduardo Bismarck e Idilvan informaram à reportagem que também estão dispostos a ir para Justiça, caso seja necessário, para fazer valer a anuência.

“Vou consultar a Justiça Eleitoral para saber se posso ter o direito de sair ou não do partido de forma antecipada e sem prejuízos ao meu mandato. Enquanto o processo tramita, seguirei na permanente análise se o partido continuará com a postura de atos ilegais de perseguição aos meus pensamentos e ao meu mandato, ou se ainda tem interesse na minha colaboração — mesmo divergindo internamente em alguns pontos”, reforçou Bismarck.

CRISE NO PDT
Desde a pré-campanha eleitoral do ano passado, o PDT vive uma crise interna. O impasse começou com a candidatura da legenda ao Governo do Estado. Enquanto Cid defendia o nome da então governadora Izolda Cela (sem partido), Ciro queria o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Roberto foi escolhido, o que causou um rompimento do partido com o PT no âmbito estadual. Na eleição, o ex-prefeito terminou em terceiro lugar.

Depois disso, a nova divergência foi sobre o PDT embarcar oficialmente na base governista do Ceará. O grupo aliado a Cid defende a tese, já a ala de Ciro quer ser oposição. Todavia, o estopim para a escalada atual da crise pedetista foi a concessão de uma carta de anuência para desfiliação do presidente da Alece, Evandro Leitão.

A autorização foi concedida em agosto deste ano, quando Cid estava há pouco mais de um mês no comando interino da legenda no Ceará após acordo com André Figueiredo — que era o presidente da agremiação no Estado, mas se licenciou para apaziguar os ânimos da ala cidista.

A carta de anuência abre caminho para Evandro lançar uma possível candidatura à Prefeitura de Fortaleza por outro partido, em oposição ao prefeito José Sarto (PDT). A possibilidade de desfiliação da legenda é questionada na Justiça pelo PDT Nacional, mas última decisão do TRE-CE autorizou reconheceu a validade da medida.

No início de outubro, após o senador convocar uma nova reunião para debater o apoio oficial do PDT ao Governo de Elmano de Freitas, André Figueiredo suspendeu a licença da presidência do diretório do Ceará, afastando Cid do comando do partido.

Em resposta, cidistas convocaram uma reunião e elegeram uma nova Executiva Estadual no dia 16 de outubro, com o senador no comando de forma permanente. A deliberação é questionada judicialmente, mas a última decisão judicial sobre o assunto manteve Cid à frente da agremiação.

Como reação, o grupo do ex-ministro Ciro Gomes decidiu pela intervenção da Executiva Nacional no Estado, no último dia 27 de outubro. Essa intervenção foi oficializada nesta quinta-feira (9), com a instalação de uma comissão provisória para atuar no Estado.

Fonte: Diário do Nordeste.

J Cabral

http://reporterjcabral.com.br/

J Cabral Repórter correspondente das noticias do Ceará, da TV Sol Talismã de Salgueiro-PE e Rádios da Região.

Related post