Maciço de Baturité concentra casos de febre maculosa no CE em 2023.

 Maciço de Baturité concentra casos de febre maculosa no CE em 2023.

A febre maculosa chamou a atenção de todo o Brasil após um surto da doença ter culminado na morte de quatro pessoas na cidade de Campinas, em São Paulo. Nesse contexto, a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) divulgou que, entre janeiro e o dia 14 de junho, foram notificadas 14 suspeitas de casos da doença em território cearense, das quais quatro foram confirmadas, sendo todas elas referentes à municípios no Maciço de Baturité. No entanto, não houve registro de mortes pela enfermidade. Entre os anos de 2010 e 2022, o Estado confirmou 36 de um total de 234 suspeitas da doença que é transmitida através do contato com um carrapato, conhecido como “carrapato estrela”, que esteja infectado.

A articuladora do Grupo Técnico das Zoonoses da Sesa, Kellyn Kessiene de Sousa Cavalcante, que é doutora em Saúde Pública, explica que esta não é uma doença nova. “É endêmica no Ceará, sempre teve […] Nós recomendamos que as pessoas não adentrem regiões que possam ter a presença de carrapatos, como áreas de pasto, de mata ciliar e áreas próximas a rios ou lagoas. Se houver necessidade de exposição, que utilizem os equipamentos de proteção individual; roupas claras, para que seja possível perceber a presença de carrapatos; mangas compridas; e botas”, orienta a especialista.

De acordo com ela, a Sesa aconselha que, em caso de sintomas como febre de início súbito, mialgia, dor de cabeça, inchaço na palma das mãos e vermelhidão no corpo, procure-se o atendimento médico. “A febre maculosa é uma doença considerada letal se o atendimento médico não for procurado logo”, alerta. Nesta quinta-feira, 15, a Secretaria de Saúde de Campinas confirmou a morte da quarta vítima da doença, uma adolescente de 16 anos. Os outros óbitos são de pessoas que tinham 36, 42 e 28 anos.

O Dr. Roberto da Justa, infectologista do Hospital São José, explica que o Ceará se encontra em uma situação diferente da que é observada no sul e no sudeste. “A febre maculosa aqui, de maneira geral, é causada por uma cepa de Rickettsia aparentemente menos virulenta […] O carrapato que nós temos também é diferente daquele mais prevalente no Sul e no Sudeste. O nosso parece ser um pouco menos competente na transmissão”, ressalta.

Além disso, o especialista chama a atenção para a importância da capivara no cenário, já que esse roedor é o principal hospedeiro. O animal também não ocorre em território cearense na mesma frequência que em outras regiões do Brasil. “Esse conjunto de diferenças faz com que a febre maculosa no Ceará seja uma doença menos letal”, pontua.

Por outro lado, segundo ele, no Estado há uma associação da doença com criadores de cavalos, sendo o cavalo o principal hospedeiro dentro das fronteiras estaduais. Por isso, o infectologista reforça que as pessoas que moram em locais onde a doença se faz mais presente, principalmente no Maciço de Baturité, e a população que lida com esses animais devem redobrar a atenção para a utilização de equipamentos de proteção.

O Dr. Justa relembra que não existe vacina para a febre maculosa e também não é recomendada a profilaxia. Conforme ele, o tratamento com antibiótico é importante quando feito precocemente. A recomendação da Sesa é de que tal procedimento seja iniciado em até cinco dias após o início dos sintomas. “A febre maculosa existe aqui, mas com esse perfil diferente do de lá. As chances da gente ter um cenário parecido com o que se observa lá hoje, de morte por febre maculosa, não é impossível, mas é improvável”, afirma.

Fonte: O Estado.

J Cabral

http://reporterjcabral.com.br/

J Cabral Repórter correspondente das noticias do Ceará, da TV Sol Talismã de Salgueiro-PE e Rádios da Região.

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