Protestos de opositores pedem o impeachment de Jair Bolsonaro
Em contraponto aos atos bolsonaristas do 7 de Setembro, manifestações organizadas por opositores ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ocorreram em aproximadamente 200 cidades brasileiras, segundo os organizadores. Os manifestantes se juntaram à tradicional manifestação do Grito dos Excluídos, promovida anualmente por alas da Igreja Católica na data, e pediam o impeachment de Bolsonaro.
São Paulo
Em São Paulo, um dos dois principais focos dos governistas nos atos desta terça, o protesto de oposição ocorreu a poucos quilômetros da manifestação a favor do presidente. O ato no Anhagabaú teve gritos de “fascista”, “genocida” e críticas à condução da pandemia pelo governo federal. Também foi marcado por cobranças pelo combate à fome e contou com arrecadação de alimentos.
Embora o vermelho ainda predominasse, como é costume em manifestações ligadas à esquerda, as cores da bandeira brasileira, marca das manifestações da direita, foram resgatadas. Uma faixa verde e amarela de 100 metros de comprimento e 9 de largura ocupou todo o calçadão que liga a Avenida São João ao Vale do Anhangabaú. Com tinta preta, dezenas de manifestantes pintaram a frase “Fora Bolsonaro Impeachment Já”. “Essas cores são do país, não são deles”, disse Annebelle Rene Ambria, membro do Juventude Pátria Livre, que confeccionou a faixa. Segundo ela, o movimento “quer disputar as cores da bandeira, da qual os bolsonaristas se apropriaram”.
Na ocasião, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse em discurso no final do ato que Bolsonaro conseguiu dividir os brasileiros no dia da Independência. “Temos um ato na Paulista de gente defendendo o fascismo e a tortura. Depois de três anos de destruição dos empregos, da vida e da esperança, o que essas pessoas estão fazendo na Paulista? Por que não estão aqui com a gente?”, disse.
Brasília
Em Brasília, segundo principal foco das manifestações de ontem, militantes que protestavam contra o presidente se reuniram em torno da Torre de TV até por volta das 11h. O ato ocorreu a aproximadamente 3 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, onde grupos bolsonaristas se manifestaram. Segundo os organizadores, o ato de oposição reuniu cerca de 3 mil participantes. A Polícia Militar estima que 400 pessoas estiveram no protesto.
Durante o ato, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governo e em defesa da democracia. Eles também pediram a prorrogação do auxílio emergencial e a vacinação em massa contra a covid-19.
Apesar da proximidade entre os grupos, não houve atritos. No entanto, após o fim dos protestos, apoiadores do governo e um pequeno grupo de pessoas que havia participado mais cedo do protesto organizado pela esquerda se desentenderam próximo à Torre de TV. Manifestantes que apoiam o governo gritaram palavras como “Lula ladrão” e “vai para Cuba” e recebiam como resposta “Fora Bolsonaro, fora genocida”.
A poucos metros das manifestações, indígenas que estão em Brasília para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a vetar o marco temporal para demarcação de terras decidiram cancelar os atos que realizariam no mesmo dia. Segundo a líder indígena Lua Ayrè, os cerca de 2 mil indígenas que estão no local não se envolveriam em nenhum dos dois protestos desta terça.


