Segundo semestre pode favorecer a ocorrência de incêndios no CE.

Um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de vegetação no bairro Edson Queiroz no final da tarde de quarta-feira, 16. O Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) levou aproximadamente 5 horas para conseguir controlar as chamas que ocorriam em dois pontos. No início da manhã de ontem, 17, os agentes foram acionados novamente para lidar com focos remanescentes próximos à lagoa seca. “Se observa que os incêndios iniciaram em locais com presença de lixo e monturo. O incêndio se alastrou no sentido do vento em ambos os focos”, explica a major Juliany Freire, do CBMCE.

De acordo com ela, no segundo semestre do ano, incêndios em vegetação podem ser mais facilmente propagados no Ceará por uma combinação de fatores como estação seca prolongada, baixa umidade relativa do ar, vento, acúmulo de material inflamável e ações humanas. “O segundo semestre, muitas vezes, é caracterizado por ventos fortes, conhecidos como ventos alísios, que podem espalhar rapidamente as chamas. O vento não apenas ajuda a propagar o fogo, mas também pode tornar os incêndios mais imprevisíveis e difíceis de controlar”, afirma.

Sobre o caso do Edson Queiroz, Freire conta que restaram muitas cinzas do solo que queimou durante a ocorrência. “O vento sopra e levanta as cinzas que ficam em suspensão”, alerta. O fogo não atingiu estruturas no bairro e nem deixou pessoas feridas. Porém, a major reforça que o episódio acende a necessidade de conscientizar a população sobre a prevenção de incêndios e práticas de manejo sustentável. No episódio citado, não houve registro de fenômenos naturais como queda de raios, nem de acidentes secundários como queda de fiação elétrica. “Quando retiramos da equação fenômenos naturais, acidentes e combustão espontânea, sobra o fator antrópico”, aponta Freire.

O vereador Gabriel Aguiar, que também é biólogo, explica que, em um contexto de problemas ambientais globais, os riscos dos incêndios no Ceará podem ser ainda maiores. “Com o avanço das mudanças climáticas, os incêndios tendem a ser mais profundos, com maior duração e com efeitos ainda mais devastadores. Fortaleza é uma área majoritariamente ‘cinza’, que quase completamente já desmatou suas áreas verdes originárias, o que também torna o ambiente mais árido, com bem menos resiliência climática, ou seja, bem mais vulnerável”, pontua.

De acordo com ele, quase todos os episódios do tipo registrados no município são criminosos, ou seja, iniciados pelo ser humano. Aguiar defende que, para recuperar os danos dos incêndios no Edson Queiroz ou em outras áreas verdes, a principal estratégia é recuperar o solo e replantar a mata degradada. “Para evitar casos assim, a gente precisa melhorar nossas políticas públicas de prevenção e manejo do fogo, que estão bastante deficitárias em Fortaleza”, denuncia. “Nós precisamos, com urgência, criar uma brigada florestal municipal, que esteja a postos para combater e prevenir esses incêndios e que seja especializada em combate florestal e não só urbano”, afirma.

Orientações

Há uma série de comportamentos que podem ser adotados para evitar situações semelhantes à que foi registrada no Edson Queiroz. Entre elas, Juliany Freire destaca: evitar fazer queimadas; descartar resíduos adequadamente, ou seja, não jogar cigarros, fósforos ou vidros em áreas naturais; não acender fogueiras; e evitar dirigir veículos motorizados em regiões de vegetação seca, uma vez que o calor do escapamento e as faíscas produzidas pelo atrito das rodas podem dar início às chamas.

Caso perceba um incêndio, o primeiro passo deve ser chamar as autoridades imediatamente informando a localização precisa e as condições da ocorrência. O CBMCE pode ser acionado pelo telefone 193. “Evite se aproximar do fogo ou tentar apagá-lo sozinho, a menos que você tenha treinamento e equipamento adequados”, aconselha a major do CBMCE.

Fonte: O Estado.